O que vivemos e ouvimos ao longo de nossa biografia nos marca, mas principalmente o que ouvimos nos primeiros setênios das nossas referências, mãe, pai, avós ou qualquer outro adulto que amemos, mesmo que não seja a intenção de quem fala, definir ou direcionar, muitas vezes esse é o impacto nas ações e da forma de ser no mundo.
É perceptível, num processo biográfico, o quanto algumas pessoas dedicam a sua vida a serem o ser mais diferente da sua família de origem para cumprir o papel que lhe foi designado em algum momento: o imperfeito. Aquele que não é o filho ou neto predileto, que sempre "deu problemas" ou por que simplesmente ouviu em algum momento que não tinha talentos ou qualidades; capacidade de se estabelecer.
Adultos que buscam o erro, o insucesso, que optam por um estilo de vida que pareça desestruturado, mesmo sendo pessoas inteligentes, organizadas e chegam para o processo biográfico buscando justificar esse "jeito de ser", buscando a validação da imperfeição.
Acompanhar essa lapidação de seus seres como cristais, é como quem vê a materialização de um milagre, alguém encontrando com a sua própria essência e despindo-se de uma personagem que performou durante muito tempo para cumprir um papel familiar que nasceu em uma fala mal interpretada ou num momento de raiva de quem proferiu.
Olhar para sua própria biografia é trazer luz para muitos momentos mal interpretados ou geradores de dores que se dissipam e encontrar a sua própria versão de você mesma, e querer deixar como legado a sua versão da e para a sua própria vida.