Sou filha de Iemanjá, aquariana com lua em escorpião da corrente Mariana, cristã devota de Amaterasu, carrego tatuada no braço a mão de Fátima, filha de Mohammed, sou ateia em dias ruins.
Sou brasileira.
A abóboda do meu templo tem estrelas e nas paredes nascem flores, corre água em ritmo no chão de areia que rezo, tem coro de sabiá e batuque de sapo, no meu templo moram todos.
Deus, me permitiu ter o peito furado, meio rasgado por onde entra a fé na humanidade, motivo potente pra crer que adentro uma igreja cada vez que encontro um igual.
Salve Jorge que em imagem de Miguel guarda meu corpo enquanto duvido da finitude da vida e me jogo no mundo.
Salve minha paz, criada pela liberdade de dobrar meus joelhos à todos os santos que tem seus Deuses e crer ao final que tudo é um.
Amém Oxum, oxalá meu Cristo, arigatô Maria, inshala eu siga forte no caminho dividido que eu escolhi, um caminho com brechas pra entrar a luz.
Hoje eu agradeço minha mãe das águas, que me fez menina que chora quando o peito enternece.
Minha fé é no amor.